Eram quase 4 da manhã.
Eu andando na rua, noite de quaresma. Todas as histórias assustadoras que antes não faziam diferença pra mim, começaram a surgir na minha mente. Histórias sobre Lobisomens e outras criaturas do mal, me fizeram sentir um medo que me fazia cada vez mais acelerar o passo e me deixar dominar por pensamentos obscuros.
Olhava toda hora ao meu redor para ver se não estava sendo seguido. Nessas horas, sua única salvação é a fé, pedi proteção a Deus.
Comecei a refletir sobre coisas a ver com o céu e o inferno. Deus e o diabo. Anjos e demônios, coisas que aumentavam meu medo e me dopavam de adrenalina. Não via a hora de chegar em casa, de encontrar algum lugar seguro onde eu pudesse relaxar e me livrar de todas essas coisas horripilantes. Os cães latindo faziam a trilha sonora daquela noite perfeita para qualquer filme de terror. Olhei para o céu, um céu assustador. Eu sempre fiz pouco caso aos que diziam que tinham medo da quaresma, mas agora entendo o motivo. E sempre achei que as histórias sobre essa época eram apenas mentiras que alguém inventou e espalhou por aí.
Não sei se era uma noite comum, daquelas que já enfrentei várias vezes, podia ser coisa da minha imaginação, podia ser só uma coisa normal. Mas eu não conseguia me livrar do medo, da sensação de não ser o único ali na rua, da sensação de que alguma coisa estava ali me vigiando sorrateiramente, esperando a hora certa para me pegar e fazer sabe Deus o que. Agarrei a chave de casa bem firme.
Meu destino estava próximo e eu continuava atento a tudo que me cercava. Continuei andando rapidamente e pensando nas mesmas coisas, questionando as mesmas insanidades.
Virei a esquina e enxerguei a minha casa que se destacou no meio de tudo e me parecia o abrigo mais seguro que possa existir na face da Terra. Continuei andando, bem mais tranquilo, e me julgando como um idiota por sentir tanto medo. Quando vem um filho da puta de um cachorro que eu não sei de onde saiu e lati pra mim. Senti vontade de gritar, levei um susto fodástico.
Xinguei até não poder mais.
Entrei em casa, e senti um puta alívio, aquela satisfação que se tem quando se é o único sobrevivente da guerra mais sangrenta e caótica que o mundo já assistiu.
O medo passou.
rsrs... ate eu fiquei com medo agora!!!
ResponderExcluiradorei, Gustavo.